Ações da Méliuz (CASH3) caem após anúncio de captação para Bitcoin

Após disparar 30% com anúncio de compra de US$ 28,4 milhões em Bitcoin, ações da Méliuz recuam com plano de captação de R$ 150 milhões.
Por Mikael Araújo
20 de maio de 2025 Atualizado: 20 de maio de 2025
Duas mãos segurando smartphones com o aplicativo da Méliuz, mostrando a tela de login com fundo rosa e a interface de navegação com cartões de cashback.

A Méliuz (B3: CASH3), empresa brasileira de cashback e serviços financeiros, registrou forte volatilidade em suas ações nos últimos dias, com queda acumulada de 2,91% nos últimos 5 dias de negociação. A movimentação ocorre após anúncios relacionados à sua estratégia de investimentos em Bitcoin (BTC), incluindo os planos de captação de R$ 150 milhões para ampliar sua posição na criptomoeda.

De acordo com os dados do mercado na terça-feira (20), às 15h56, os papéis da companhia estavam cotados a R$ 8,02, abaixo dos R$ 8,84 registrados na abertura de segunda-feira. O gráfico mostra que, após atingir um pico de R$ 10,50 em 16 de maio – dia seguinte ao anúncio da compra de US$ 28,4 milhões em Bitcoin – as ações sofreram correção significativa.

A intensa volatilidade de CASH3 nos últimos dias

O gráfico de 5 dias revela que as ações da Méliuz tiveram uma semana de extrema volatilidade. Após o anúncio de 15 de maio, quando a empresa informou ter adquirido 274,52 BTC por aproximadamente US$ 28,4 milhões, os papéis dispararam cerca de 30% em um único dia, passando de aproximadamente R$ 8,30 para mais de R$ 10,50.

Gráfico de linha vermelha mostrando a variação das ações da Méliuz (CASH3) em 5 dias, com alta súbita seguida de forte queda.
O gráfico de 5 dias mostra a intensa volatilidade das ações da Méliuz após anúncios relacionados à sua estratégia de Bitcoin.

No entanto, essa euforia durou pouco. A partir de 19 de maio, as ações começaram a cair acentuadamente, com a divulgação do fato relevante sobre a potencial captação de recursos. Na segunda-feira (20), os papéis chegaram a tocar a mínima próxima a R$ 7,10, antes de uma leve recuperação no fechamento.

Os planos de captação da Méliuz para aquisição de BTC

Conforme fato relevante divulgado em 19 de maio, a Méliuz está avaliando alternativas para captação de recursos destinados à aquisição de Bitcoin. Entre as possibilidades estão:

  • Emissão de títulos de dívida conversíveis ou não em ações;
  • Oferta pública primária de distribuição de ações ordinárias (que pode incluir bônus de subscrição).

A empresa já contratou o BTG Pactual Investment Banking para coordenar a eventual oferta pública. O valor mínimo estimado para a captação é de R$ 150 milhões, podendo ser “substancialmente aumentado” com a distribuição de lote adicional, segundo a companhia.

“Nenhuma decisão definitiva a respeito da realização da Oferta Pública ou de qualquer outra forma de captação foi tomada pela Companhia”, informou Marcio Loures Penna, Diretor de Relações com Investidores e Governança Corporativa da Méliuz, no comunicado.

A estratégia Bitcoin da empresa

Esta captação se alinha com a nova estratégia da Méliuz, que se tornou a primeira Bitcoin Treasury Company do Brasil e da América Latina. Em 15 de maio, a empresa anunciou que seus acionistas aprovaram, em Assembleia Geral Extraordinária, a alteração do objeto social para incluir investimentos em Bitcoin como parte de sua estratégia de negócios.

No primeiro movimento como Bitcoin Treasury Company, a Méliuz adquiriu 274,52 BTC por aproximadamente US$ 28,4 milhões, a um preço médio de US$ 103.604,07 por Bitcoin. Somando-se à primeira compra realizada em março deste ano, a empresa possui 320,25 BTC, adquiridos a um preço médio de US$ 101.703,80.

A política de investimento da Méliuz em Bitcoin começou em março de 2025, quando seu Conselho de Administração aprovou a alocação de até 10% do caixa na criptomoeda. A primeira compra foi de 45,72 BTC por cerca de US$ 4,1 milhões.

O que explica a reação do mercado

O anúncio inicial da estratégia Bitcoin da Méliuz havia impulsionado as ações da empresa, que chegaram a subir 175% em 30 dias após a comunicação da compra inicial em março. O volume médio diário de negociações também aumentou significativamente, passando de R$ 4 milhões para R$ 45 milhões.

No entanto, o anúncio da captação adicional para novas compras de Bitcoin gerou uma reação contrária do mercado. Analistas apontam alguns fatores que podem ter contribuído para essa resposta:

  • Preocupações com a diluição do valor das ações existentes por meio da oferta pública;
  • O momento de mercado para uma captação deste porte;
  • Uma possível realização de lucros pelos investidores após a forte valorização recente.

O modelo de Bitcoin Treasury Company

Apesar da volatilidade recente, a Méliuz mantém sua estratégia como Bitcoin Treasury Company, modelo que, segundo a empresa, “tem como missão principal o acúmulo de Bitcoin de forma acretiva aos acionistas, utilizando da sua geração de caixa e estruturas corporativas e de mercado de capitais para ampliar a exposição ao ativo ao longo do tempo”.

Em seu comunicado, a empresa explica que este modelo vai além de “apenas alocar parte do caixa em Bitcoin como proteção contra a inflação ou desvalorização cambial”, pois “a Companhia reposiciona seu propósito para atuar maximizando a quantidade de Bitcoin por ação”.

É importante destacar que, apesar das oscilações recentes, a capitalização de mercado da empresa está em R$ 697,39 milhões, com alta histórica de R$ 10,89 e baixa de R$ 2,53 nos últimos 52 semanas, demonstrando o impacto significativo que a estratégia de investimento em Bitcoin teve no valor de mercado da companhia.

Mikael Araújo é formado em Ciências da Computação pela Universidade Vale do Araújo — UVA. Trabalha com marketing digital há mais de 7 anos, tendo SEO como Saiba mais…sua especialidade. Foi mentorado em SEO por Jamie Indigo como parte do programa da FCDC - Freelance Coalition for Developing Countries e também atuou como mentor. Trabalhou como especialista em SEO para empresas como GetNinjas, StarOfService, Alana.ai, O POVO, entre outras. Atua no mercado de criptomoedas desde 2017, trabalhando como consultor de marketing para empresas como ICOBox. io (extinta), PointPay.io, além de exchanges e startups cripto. No BeInCrypto, exerceu a função de estrategista de conteúdo para a localização brasileira da empresa e SEO. Na CoinGape atua como Editor para a localização brasileira do site.
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