China planeja vender 15 mil bitcoins em exchanges internacionais

A China planeja vender 15 mil bitcoins apreendidos de atividades ilícitas para financiar projetos governamentais, o que pode pressionar o preço do ativo.
Por Mikael Araújo
16 de abril de 2025
Moeda de Bitcoin dourada em destaque sobre a bandeira da China com efeito de raios.

Destaques

  • A China deseja se desfazer de criptomoedas apreendidas avaliadas em mais de US$ 1 bilhão;
  • Autoridades locais planejam vender em exchanges internacionais para financiar projetos;
  • Venda de bitcoins pela China pode pressionar o preço da moeda para a região dos US$ 80 mil.

A China está planejando uma venda em massa de bitcoins confiscados de atividades ilícitas, o que ameaça derrubar os preços no curto prazo. As autoridades chinesas detêm 15 mil bitcoins, gerando debates sobre como lidar com criptomoedas apreendidas.

China considera venda de bitcoins em exchanges estrangeiras

Governos locais na China estão interessados em vender suas reservas de bitcoin para financiar operações em meio a uma escassez nacional de dinheiro. Conforme um relatório da Reuters, as autoridades buscam se desfazer de 15 mil bitcoins avaliados em cerca de US$ 1,2 bilhão.

Os governos municipais da China têm acumulado Bitcoins de apreensões de alto perfil desde a proibição total de criptomoedas em 2021. Desde então, a ausência de regras claras sobre o tratamento de criptoativos apreendidos está criando uma abordagem fragmentada na China continental. Isso significa que cada província ou município está adotando métodos diferentes para gerenciar esses ativos, resultando em decisões diversas e potencialmente contraditórias. Enquanto algumas regiões mantêm os Bitcoins em custódia por tempo indeterminado, outras procuram convertê-los em moeda fiduciária.

A China é um dos governos que mais acumulou Bitcoin, chegando a possuiir aproximadamente 190.000 BTC em 2024, principalmente de apreensões como a do esquema Ponzi PlusToken, segundo relatórios.

Agora, os governos locais, ansiosos para financiar seus cofres públicos, estão buscando aprovações judiciais para se desfazer de suas reservas de BTC. Segundo documentos judiciais, as autoridades locais contratarão empresas privadas para vender até 15 mil BTC em exchanges internacionais.

A medida tem recebido críticas de Chen Shi, professor da Universidade de Economia e Direito de Zhongnan, sobre sua legalidade. Para Shi, usar empresas privadas para vender bitcoins em mercados estrangeiros é inconsistente com a proibição existente sobre negociação de criptomoedas. Shi e outros especialistas jurídicos defendem a criação de uma Reserva de Bitcoin, instando as autoridades a seguir o exemplo dos Estados Unidos.

Nos EUA, o governo federal mantém criptomoedas apreendidas em carteiras seguras e realiza leilões controlados por meio do Serviço de Marshals dos EUA, em vez de vendê-las diretamente nas exchanges. Isso permite que o governo americano administre a liquidação de forma mais transparente e minimize o impacto no mercado. O Departamento de Justiça dos EUA tem um Programa de Confisco de Ativos Digitais, e o Serviço de Marshals realiza leilões públicos das criptomoedas apreendidas, como os 4.040 bitcoins leiloados em 2020.

“Uma gestão mais centralizada ajudaria a China a maximizar o valor das criptomoedas apreendidas”, afirmou Winston Ma, professor da Faculdade de Direito da NYU.

A venda planejada segue uma prolongada guerra comercial entre EUA e China que ameaça afetar negativamente os mercados de criptomoedas. Essa disputa comercial se intensificou recentemente com a imposição de tarifas mais altas sobre produtos chineses pelos EUA, provocando instabilidade nos mercados financeiros globais.

Como o bitcoin é frequentemente usado como ativo de refúgio em tempos de incerteza econômica, as tensões comerciais têm contribuído para a volatilidade do seu preço, tornando o momento da venda pela China ainda mais crítico para o mercado.

Em abril de 2025, o governo Trump escalou as tarifas sobre produtos chineses, chegando a uma taxa de até 245% após retaliações mútuas, o que representa um aumento substancial em relação às tarifas anteriores.

Venda de 15 mil BTC aumentará pressão de venda

O plano da China de vender até 15 mil BTC afetará negativamente os preços das principais criptomoedas. Com o aumento das chances de bitcoins inundando as exchanges, os investidores se preparam para uma retração do ativo.

O preço do bitcoin está em situação delicada no momento, sendo negociado a US$ 83 mil após cair quase 2%. Os temores de uma venda rápida pela China e outras preocupações macroeconômicas farão com que o bitcoin teste novamente o nível de US$ 80 mil.

Quando falamos em “testar novamente o nível de US$ 80 mil”, nos referimos ao fenômeno de mercado onde o preço do bitcoin pode cair até esse valor de suporte psicológico importante, onde compradores historicamente tenderam a entrar no mercado, criando um “piso” temporário de preço. Para investidores, esse teste representa um momento importante que pode determinar se a tendência de alta continua ou se uma queda mais profunda está a caminho.

Além disso, Trump impôs uma tarifa de 245% sobre a China, favorecendo uma tendência de queda para o bitcoin e outras criptomoedas.

No entanto, caso os tribunais chineses bloquearem a venda e as autoridades anunciarem uma Reserva de Bitcoin, um aumento de preço no curto prazo será possível. A compra de BTC pela MicroStrategy está alimentando o entusiasmo para que o preço do bitcoin suba para US$ 90 mil, já que a empresa recentemente adquiriu mais US$ 285 milhões em bitcoin, continuando sua estratégia agressiva de acumulação.

Essa compra ocorreu em abril de 2025, com a aquisição de 3.459 BTC a um preço médio de US$ 82.618 por bitcoin, demonstrando a confiança de seu CEO, Michael Saylor, no potencial de valorização da criptomoeda no longo prazo. A Strategy (anteriormente MicroStrategy) aumentou suas participações totais para 531.644 bitcoins.

Mikael Araújo é formado em Ciências da Computação pela Universidade Vale do Araújo — UVA. Trabalha com marketing digital há mais de 7 anos, tendo SEO como sua especialidade. Foi mentorado em SEO por Jamie Indigo como parte do programa da FCDC - Freelance Coalition for Developing Countries e também atuou como mentor. Trabalhou como especialista em SEO para empresas como GetNinjas, StarOfService, Alana.ai, O POVO, entre outras. Atua no mercado de criptomoedas desde 2017, trabalhando como consultor de marketing para empresas como ICOBox. io (extinta), PointPay.io, além de exchanges e startups cripto. No BeInCrypto, exerceu a função de estrategista de conteúdo para a localização brasileira da empresa e SEO. Na CoinGape atua como Editor para a localização brasileira do site.
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