O Standard Chartered, através de seu Head de Pesquisa de Ativos Digitais Geoff Kendrick, estabeleceu as previsões mais otimistas do setor bancário tradicional para Bitcoin: US$135.000 no terceiro trimestre e US$ 200.000 no quarto trimestre de 2025.
Estas projeções refletem uma mudança fundamental na dinâmica do mercado, onde fluxos institucionais superaram os padrões históricos de halving, criando um novo paradigma para o ativo digital mais valioso do mundo.
A análise do Standard Chartered ganha relevância particular no contexto brasileiro atual, onde o Bitcoin negocia entre R$ 580.000-590.000, registrando valorização de 71% em 2025, enquanto o país desenvolve um dos marcos regulatórios mais avançados para criptomoedas globalmente.
Esta convergência entre otimismo institucional internacional e amadurecimento regulatório doméstico posiciona o Brasil como mercado estratégico para a próxima fase de adoção do Bitcoin.
Fundamentos das previsões do Standard Chartered
Geoff Kendrick, economista com 20 anos de experiência em mercados financeiros e passagens por Morgan Stanley e Nomura, baseia suas projeções em uma quebra confirmada dos ciclos históricos de halving. Tradicionalmente, o Bitcoin experimentava quedas de preço 18 meses após eventos de halving, mas o ciclo atual demonstra dinâmica completamente diferente.
O raciocínio central sustenta-se em três pilares fundamentais. Primeiro, os ETFs de Bitcoin capturaram $36 bilhões em fluxos líquidos, criando demanda institucional 7-8 vezes superior à nova oferta diária de 450 BTC. Segundo, corporações seguindo o modelo MicroStrategy adquiriram 245.000 BTC no segundo trimestre de 2025, com expectativa de superarem esse volume nos próximos trimestres. Terceiro, fundos soberanos iniciaram exposição, com Noruega, Suíça e Arábia Saudita aumentando participação via produtos estruturados.
O Standard Chartered identifica ainda um fator macroeconômico crítico: o prêmio de termo do Tesouro americano em máxima de 12 anos está impulsionando realocação estratégica para ativos alternativos, beneficiando particularmente o Bitcoin como reserva de valor descorrelacionada.
Estado atual do mercado confirma dinâmica institucional
O Bitcoin atualmente oscila entre $106.000-109.000, sustentando valorização anual de 71% apesar da volatilidade global. O volume diário de $43-50 bilhões e market cap de $2,16 trilhões evidenciam a maturação do ativo como classe de investimentos institucional legítima.
A análise técnica revela consolidação saudável entre níveis de suporte ($104.000-106.000) e resistência ($108.000-109.000), com RSI em 68,29 indicando momentum preservado sem sobrecompra excessiva. O Fear & Greed Index marca 64 (ganância), refletindo sentimento positivo mas não eufórico, característico de mercados em ascensão sustentável.
Dados on-chain corroboram a tese institucional: saídas líquidas das exchanges indicam acumulação de longo prazo, enquanto grandes detentores (whales) demonstram comportamento de compra consistente durante correções, sugerindo base sólida de demanda estrutural.
Revolução dos ETFs transforma dinâmica de mercado
A aprovação dos ETFs spot de Bitcoin em janeiro de 2024 representa mudança paradigmática na estrutura do mercado. O BlackRock iShares Bitcoin Trust (IBIT) acumulou $52,9 bilhões em ativos sob gestão, tornando-se o ETF com crescimento mais rápido da história financeira moderna.
Os dados quantitativos são impressionantes: ETFs Bitcoin registraram fluxos de entrada médios de $208 milhões diários contra nova oferta de apenas $27 milhões pós-halving. Esta disparidade entre oferta e demanda cria pressão ascendente sustentada, fundamental para as previsões otimistas do Standard Chartered.
A participação institucional através dos ETFs atingiu 26,3% dos ativos totais, com hedge funds representando 41% das posições. Goldman Sachs aumentou holdings em 88% trimestralmente, enquanto JPMorgan passou a aceitar IBIT como colateral para empréstimos, sinalizando aceitação definitiva pelo sistema bancário tradicional.
O impacto vai além dos números: volatilidade realizada caiu 75% comparada aos picos históricos, resultado do efeito “strong hands” institucional. Esta redução de volatilidade aproxima Bitcoin de ativos tradicionais, facilitando alocação por investidores conservadores e fundos de pensão.
Halving 2024 quebra padrões históricos
O ciclo de halving de abril de 2024 marca ruptura definitiva com padrões anteriores. Pela primeira vez na história, Bitcoin atingiu máxima histórica ($73.737) antes do evento de halving, não 12-18 meses após como nos ciclos de 2012, 2016 e 2020.
A performance pós-halving revela ciclo acelerado: apenas 273 dias para novo ATH versus 546 dias no ciclo anterior. Analistas como Willy Woo interpretam esta aceleração como sinal de maturação do mercado, onde demanda institucional supera narrativa tradicional de escassez.
Dados de mineração confirmam adaptação estrutural: apesar da redução de 59% no hashprice e pressão sobre rentabilidade, miners aumentaram reservas em 4.000 BTC desde abril, demonstrando confiança no longo prazo. O hash rate mantém-se próximo de máximas históricas, indicando resiliência do network.
Especialistas como PlanB (Stock-to-Flow) projetam $250.000-$1.000.000 no ciclo atual, enquanto VanEck estima $325.000 baseado em paridade com metade do market cap do ouro. Estas projeções convergem com a análise do Standard Chartered, sugerindo consenso emergente sobre potencial ascendente substancial.
Adoção institucional brasileira acelera
O Brasil estabelece-se como mercado estratégico para adoção institucional de Bitcoin. A Méliuz (CASH3) tornou-se a primeira empresa brasileira listada em bolsa a alocar Bitcoin como reserva de caixa, adquirindo 45,72 BTC (R$ 24 milhões), representando 10% de suas reservas.
Grandes bancos brasileiros expandem rapidamente serviços crypto. O Itaú gerencia $1 bilhão em custódia de criptomoedas, oferecendo Bitcoin via aplicativo ÍON com cinco camadas de segurança. O BTG Pactual opera exchange própria (Mynt) e stablecoin pareada ao dólar (BTG Dol), enquanto Nubank e Inter integram Bitcoin aos aplicativos principais.
Investidores institucionais representaram 70% do volume no Mercado Bitcoin durante 2024, com crescimento de 260% na exposição via ETFs da Hashdex. Brasileiros movimentaram $18,2 bilhões em criptomoedas em 2024, com 42% dos investidores nacionais já aplicando em criptoativos.
O cenário regulatório favorável acelera institucionalização. A Lei 14.478/2022 estabelece marco regulatório claro, enquanto o Banco Central prepara normas específicas para exchanges em 2025. Esta combinação de demanda crescente e clareza regulatória posiciona o Brasil como hub regional para Bitcoin.
Ambiente regulatório brasileiro amadurece
O Brasil desenvolve regulamentação entre as mais avançadas globalmente para criptomoedas. A Lei 14.478/2022, vigente desde junho de 2023, define prestadores de serviços de ativos virtuais e exige autorização prévia do Banco Central para exchanges, estabelecendo crimes específicos para fraudes com criptoativos.
A tributação apresenta estrutura clara: isenção para vendas até R$ 35.000 mensais para pessoas físicas, com alíquotas progressivas (15-22,5%) para volumes superiores. Exchanges estrangeiras enfrentam tributação fixa de 15% sem isenção, incentivando uso de plataformas nacionais futuras.
A CVM permite até 10% de exposição a criptoativos em fundos de investimento, facilitando acesso institucional. O projeto Drex (Real Digital) avança para segunda fase de testes, prometendo integração entre sistema financeiro tradicional e economia tokenizada.
Autoridades brasileiras demonstram postura equilibrada: reconhecem Bitcoin como investimento legítimo enquanto implementam salvaguardas contra riscos. Esta abordagem pragmática contrasta com extremos regulatórios globais, posicionando o Brasil como jurisdição atrativa para inovação financeira.
Credibilidade institucional do Standard Chartered
O Standard Chartered, banco britânico com presença em 53 mercados e $6 bilhões em lucros pré-impostos em 2024, estabeleceu-se como líder em serviços de ativos digitais no setor bancário tradicional. A instituição opera custody e trading de Bitcoin através da subsidiária Zodia Custody, joint venture com Northern Trust.
Geoff Kendrick construiu histórico sólido de previsões precisas: projetou $50.000 em 2023 (✓), $120.000 até final de 2024 (✓), e vem revisando alvos consistentemente para cima conforme dados se confirmam. Sua metodologia baseia-se em análise fundamentalista rigorosa, monitoramento de fluxos institucionais e correlações macroeconômicas.
A instituição investe substancialmente no setor: $36 milhões em funding para Zodia Custody, parcerias com OKX e Crypto.com, programa pioneiro de collateral mirroring. Esta combinação de expertise analítica, investimento estratégico e operações ativas confere credibilidade excepcional às previsões.
O posicionamento do Standard Chartered como primeiro grande banco internacional a oferecer custody e trading institucional reflete comprometimento de longo prazo com Bitcoin como classe de ativos estabelecida, não especulação temporária.
Conclusão
As previsões do Standard Chartered para Bitcoin ($135.000 no Q3, $200.000 no Q4 de 2025) refletem transformação estrutural irreversível no mercado de criptomoedas. A convergência entre demanda institucional maciça via ETFs, quebra dos padrões históricos de halving, e amadurecimento regulatório global cria ambiente propício para valorização substancial.
Para investidores brasileiros, este cenário apresenta oportunidades únicas: marco regulatório avançado, tributação clara, crescente oferta de produtos institucionais e posicionamento estratégico do país como hub regional. A combinação destes fatores domésticos com dinâmica global favorável sugere que o Bitcoin pode efetivamente atingir os alvos ambiciosos projetados pelo Standard Chartered.
A próxima fase da evolução do Bitcoin transcende especulação para integração definitiva ao sistema financeiro global. Investidores e instituições que reconhecerem esta transição antecipadamente estarão melhor posicionados para capturar o potencial ascendente significativo dos próximos trimestres.
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