Prisão, Falência e Arma: a Derrocada de Cláudio Oliveira, o ‘Rei do Bitcoin’ no Brasil

Por Paulo José
Publicados Julho 9, 2021 Atualizado Agosto 13, 2021
By Paulo José
Published Julho 9, 2021 Updated Agosto 13, 2021

*Texto atualizado em 13 de agosto de 2021

  • Operação Daemon prendeu Lucinara Oliveira e Cláudio Oliveira
  • Rei do Bitcoin movimentou R$ 1,5 bilhão com esquema de arbitragem infinita
  • Grupo teve falência decretada depois de prisão

Logo após a prisão do empresário Cláudio José de Oliveira, também conhecido como “Rei do Bitcoin”, o Grupo Bitcoin Banco (GBB) teve sua falência decretada. No total, o grupo de exchanges brasileiras movimentou mais de R$ 1,5 bilhão.

Antes disso, o Grupo Bitcoin Banco foi considerado promissor pelo mercado brasileiro de criptomoedas. Com a promessa de uma ‘arbitragem infinita’, o GBB atraiu cerca de sete mil investidores para o negócio ainda em 2018 e 2019.

No entanto, dois anos após o fim das atividades das exchanges ligadas ao grupo, o negócio finalmente é elucidado com a prisão do empresário Cláudio Oliveira, detido recentemente pela Operação Daemon.

Prisão de Cláudio Oliveira

Aconteceu na última segunda-feira (5) a prisão preventiva do empresário Cláudio Oliveira, responsável por comandar o Grupo Bitcoin Banco. Além dele, a esposa Lucinara Oliveira também foi detida pela operação conduzida pela Polícia Federal.

No total, 22 mandados de busca e apreensão foram expedidos através da Operação Daemon, que investigou exclusivamente os negócios da GBB. Além desses mandados, a operação policial apresentou quatro mandados de prisão temporária, além do pedido de prisão preventiva de Cláudio Oliveira.

De acordo com a Polícia Federal, a Operação Daemon foi concentrada em Curitiba – PR e na região metropolitana da capital paranaense. Na investigação é apontado que o grupo de exchanges movimentou R$ 1,5 bilhão em criptomoedas.

Cláudio Oliveira durante aniversário em 2019 (Reprodução/Uol)

Carros de luxo e arma na cabeça

Somente em carros de luxo a operação policial apreendeu aproximadamente R$ 2,5 milhões em endereços ligados ao Grupo Bitcoin Banco. Além dos veículos, joias e dinheiro em espécie foram apreendidos pelas autoridades.

Considerado de comportamento explosivo, testemunhas ouvidas pela investigação sobre o caso disseram que o empresário já apontou arma de fogo para a cabeça de pessoas que discordavam dele, segundo o G1.

“(Ele) costumava apontar armas para a cabeça de pessoas com que sem desentendia.”

Falência do Grupo Bitcoin Banco

Depois que Cláudio Oliveira e Lucinara Silva foram presos através da Operação Daemon, o Grupo Bitcoin Banco teve a sua falência decretada pela Justiça, colocando fim ao processo de recuperação judicial apresentado pelo conglomerado cripto ainda em 2020.

Até então, o GBB tentava ressarcir os clientes do negócio que não conseguiram sacar suas criptomoedas desde 2019 nas exchanges que fazem parte do grupo. Com a falência decretada, o grupo comandado por Cláudio Oliveira chega ao fim.

Assim, com a determinação da falência do grupo, todos os objetos apreendidos na Operação Daemon devem ser usados para o pagamento de clientes do Grupo Bitcoin Banco.

Conforme apresentou determinação da Justiça, o GBB deve apresentar um levantamento do patrimônio do grupo em dois meses, que será usado para quitar dívidas e depósitos em atraso de criptomoedas.

Exchanges que não funcionam desde 2019

Antes mesmo de ser preso recentemente, Cláudio Oliveira enfrentava problemas para manter o negócio com criptomoedas. Em maio de 2019, o GBB alegou que as exchanges que fazem parte do grupo foram invadidas por um ataque hacker.

Dessa forma, os saques foram suspensos e desde então existem investidores que esperam receber Bitcoins de volta do grupo. Antes disso, a empresa atraiu usuários com a promessa de uma arbitragem infinita de BTC.

Ainda em 2019, investidores compravam e revendiam Bitcoins através das exchanges NegocieCoins e FlowBTC, que fazem parte do GBB. Com uma diferença de preço entre as plataformas, em alguns dias acima de R$ 500, a operação atraiu investidores que ficaram com suas criptomoedas retidas na plataforma.

Desde então, investidores esperavam receber suas criptomoedas de volta através do processo de recuperação judicial conduzido pela Justiça do Paraná. Sem encontrar a carteira com o saldo em Bitcoins do grupo, o processo de recuperação não resultou na devolução de BTCs aos ex-clientes do GBB.

Segundo a coletiva de imprensa das autoridades que participaram da Operação Daemon divulgada no Youtube, durante as buscas não foi encontrado nenhum dado sobre carteiras com Bitcoins que podem pertencer ao Grupo Bitcoin Banco.

“Hoje não foram cumpridas ordens para a apreensão de Bitcoins. A gente não identificou. A gente fez esse tipo de diligência, de tentar verificar nas carteiras do grupo, na blockchain, quais teriam saldo, e nenhuma tinha. Então, essas sete mil (unidades de BTC) podem ser dele, então a gente teria que ter feito algum tipo de medida constritiva.”

Jornalista apaixonado pelo universo das criptomoedas e seu enorme impacto na sociedade. Ele conheceu o Bitcoin em 2013 sem saber que a criptomoeda tomaria conta de sua vida anos depois. Ele trabalhou em outros portais de notícias sobre criptomoedas e atualmente é um dos contribuidores do CoinGape.
O conteúdo apresentado pode incluir a opinião pessoal do autor e está sujeito às condições de mercado. Faça sua pesquisa de mercado antes de investir em criptomoedas. O autor ou a publicação não tem qualquer responsabilidade por sua perda financeira pessoal.
Paulo José
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Jornalista apaixonado pelo universo das criptomoedas e seu enorme impacto na sociedade. Ele conheceu o Bitcoin em 2013 sem saber que a criptomoeda tomaria conta de sua vida anos depois. Ele trabalhou em outros portais de notícias sobre criptomoedas e atualmente é um dos contribuidores do CoinGape.

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